Cultura é este conjunto complexo que inclui conhecimento,
crença, arte, lei costumes e vários outras aptidões e hábitos adquiridos pelo
homem como membro de uma sociedade. (LEVI-STRAUSS, apud MELLO 1986,
Para Mello10 , “na verdade, a cultura, em sentido largo é
todo o conjunto de obras humanas”. Portanto o homem é colocado como algo
sublime não se comparando a nenhum outro animal, na escala evolutiva ele é o
foco principal, pois apesar de ser frágil se mostrou conquistador e ao mesmo
tempo devastador ocupando, por ter consciência, o que prevalece no mundo
animal. O grande As da antropologia esta na soma de idéias organizadas e
condicionadas formando padrões comportamentais habituais que passaram a ser
seguidos pelos demais do grupo de forma acentuada ou não, assim formando o
conceito de cultura em qualquer sociedade. Claro que toda cultura é mutável, de
forma constante, assim a cada inovação ou descoberta, uma nova concepção e uma
reforma de conceito é formada, e juntamente com ela a manutenção da cultura
existente
Aqui veremos vários direcionamentos a cerca da cultura:
cultura universal, cultura particular, cultura objetiva e também subjetiva,
cultura real e por fim cultura no seu modelo ideal. Melo11 narra em seu livro uma
parte onde cita Lévis-trauss12 , em que mostra esta utilização metodológica do
termo:
Em matéria de Cultura podemos dizer que nada é simples, tudo
tem sua complexidade, cada elemento tem seu valor e dependendo do mesmo o
significado é totalmente diferente, assim o mundo cultural tem envolvimentos no
mundo natural, pois é só observarmos o sol, a chuva, as doenças e muitos outros
elementos, cada cultura os vê de formas diferentes. A cultura que diferencia os
povos e uma nação da outra, é o que faz com que sejamos autênticos, pois somos
produtos do meio e produtos para o meio, assim pertencemos a um processo
coletivo e não individual onde nossas experiências cristalizadas entram em
confronto com as novas e fazem com que o ser mais “culto” não seja isento de mudanças
e evoluções.
2.0. Principais Acepções do Termo “Cultura” 2.1. Cultura
objetiva e cultura subjetiva - Cultura objetiva (manifesta): É a cultura que
cria situações particulares como hábitos, aptidões, idéias, comportamentos,
artefatos, objetos de arte, ou seja, todo conjunto da obra humana de modo
geral. - Cultura subjetiva (não-manifesta): É esta cultura que fornece padrões
individuais de comportamento firmando em conjunto de valores, conhecimentos,
crenças, aptidões, qualidades e experiências presentes em cada indivíduo. 2.2.
Cultura material e cultura não-material
Cultura material: É a habilidade de manipular e construir; contudo
define-se que toda cultura pode ser vista como um produto e um resultado. Cultura não-material: É a cultura transmitida
pela intenção, onde as ações humanas são providas de conteúdo e significados,
mesmo antes de ser construído ou manipulado; portanto, são demonstrados através
de hábitos, aptidões, ideias, crenças, conhecimentos e vários outros
significados. 3 Cultura real e cultura ideal
Cultura real: É algo que as pessoas criam de forma concreta em sua vida
cotidiana e social. Cultura ideal: É o
objetivo de cada pessoa, isto é, o conjunto de comportamento que as pessoas
dizem e acreditam que deveriam ter. O que foi demonstrado neste trabalho foi
baseado em estudos de antropologia na visão de Luiz Gonzaga de Mello, assim
percebemos que o uso do termo cultura é mais amplo e complexo do que comumente
notamos
Devemos ter em mente que cada indivíduo tem bagagem
diferenciada e principalmente “culturas” singulares (nem menos, nem mais
avançadas e sim mais ou menos complexas), pois, suas bases estão fundadas em
estruturas anteriores formadas em um processo lento de diversas gerações. Toda
Cultura é o máximo que ela pode desenvolver, então nosso pensar deve estar
voltado a entendê-la, e se somos antropólogos devemos pensar como um, não nos
deixar escandalizar pela diferença para percebermos o conjunto lógico e
harmônico de cada unidade.
Entende-se por Patrimônio Artístico Nacional todas as obras
de arte pura ou de arte aplicada, popular ou erudita, nacional ou estrangeira,
pertencentes aos poderes públicos, a organismos sociais e a particulares
nacionais, a particulares estrangeiros, residentes no Brasil. (...) Essas obras
de arte deverão pertencer pelo menos a uma das oito categorias seguintes: 1.
Arte arqueológica; 2. Arte ameríndia; 3. Arte popular; 4. Arte histórica; 5.
Arte erudita nacional; 6. Arte erudita estrangeira; 7. Artes aplicadas
nacionais; 8. Artes aplicadas estrangeiras. Arte é uma palavra geral, que neste
seu sentido geral significa a habilidade com que o engenho humano se utiliza da
ciência, das coisas e dos fatos. (grifos nossos) (3)
Os termos “material” e “imaterial” tornam-se definitivamente
as denominações por meio das quais as práticas de patrimonialização se
consolidarão. Tal terminologia não se mostra cuidadosa quando se avalia que os
chamados “bens culturais de natureza imaterial” só podem se realizar mediante
suportes e agências materiais. Ao público em geral, não haveria nada mais
“material” do que degustar um pedaço de queijo de Minas Gerais ou de apreciar
as cores vivas e sonoras de uma roda de samba do Recôncavo Bainano. Porém, a
terminologia “material” e “imaterial”, em realidade, irá expressar as diferentes
posturas das ações de patrimonialização. Se o termo “material” irá se reportar
à atuação tradicional dos órgãos de patrimônio com relação ao reconhecimento de
edificações, monumentos e centros históricos, o termo “imaterial” irá se
referir ao reconhecimento oficial de manifestações que sempre estiveram
alijadas desse processo, como as ligadas a grupos populares e minorias étnicas.
De fato, as denominações “material” e “imaterial” são muito mais um
posicionamento político e histórico por parte dos órgãos de patrimônio, do que
categorias coerentes para designar os bens culturais.
No caso do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico
Nacional (IPHAN), atualmente abrigado dentro do Ministério da Cultura, tal
operação exigiu a convivência entre perspectivas diferentes de compreender o
que é patrimônio e de exercer direções diferentes de acautelamento dentro da
mesma organização estatal. A fusão entre o antigo Serviço do Patrimônio
Histórico e Artístico Nacional (SPHAN) e o Centro Nacional de Referência Cultural
(CNRC), por meio da Fundação Pró- Memória, no final dos anos de 1970, não
resultou numa redefinição generalizada da noção de patrimônio e de sua prática
coerente e coesa dentro de uma mesma política pública de patrimônio. Pelo
contrário, as práticas de patrimônio foram justapostas e passaram a se
polarizar e a dividir os posicionamentos dos técnicos
dentro do IPHAN. De uma maneira muito simplista, mas de
certo valor tipológico, é possível tracejar alguns pares de oposição que
expressam essas diferenças. Um conjunto de práticas de patrimônio tem como foco
principal de atuação os objetos materiais, isto é, monumentos, edifícios e
centros urbanos, enquanto outro privilegia a noção de processo, ao atuar sobre
as formas de transmissão do conhecimento humano e sua realização no âmbito da
expressão cultural, ao tornar possível o reconhecimento patrimonial de saberes,
modos de fazer e viver. Outra polarização existente se dá a respeito dos
conceitos que viabilizam o reconhecimento patrimonial. A ideia de valor cultural,
nos primórdios da criação do órgão se remetia às ideias do “belo”, do
“monumental”, do “autêntico” e/ou do “excepcional”, atualmente se redefine por
meio das ideias do “documento” e do “testemunho”. O valor cultural oscila entre
ser um sentido acionado somente pelo técnico, o profissional especialista da
instituição de patrimônio, até o sentido mais coletivo de compartilhamento mais
amplo do significado. Por outro lado, há o conceito de referência cultural, no
qual os sentidos produzidos pelos atores sociais orientam as ações de
patrimônio, pensando-se a atuação em termos da necessária interação da
sociedade civil com o Estado. Derivada desta oposição, há a prática de
considerar o técnico como principal acionador do processo de seleção, identificação
e legitimação do discurso e das ações de patrimônio, contraposta à posição de
que a seleção e identificação de bens culturais passíveis de serem
patrimonializados não prescindem do técnico, mas devem nOutro par de discussão
é sobre se a função da ação patrimonial é o de preservação ou de salvaguarda.
Na ideia de preservação, o bem cultural é mantido em condições que o dirijam à
memória de uma época passada diante das novas conformações do presente,
principalmente por meio da construção de argumentos legitimadores do
reconhecimento patrimonial, acompanhado de um plano de proteção. Na ideia de
salvaguarda, os reconhecimentos de patrimônio cultual devem ser pensados
atrelados a projetos de gestão, no qual o bem cultural possa ter a perspectiva
de um desempenho mais sustentável dentro da situação social e econômica mais
ampla. Para esta última, temos os seguintes exemplos: 1) o reconhecimento
patrimonial do Ofício das Paneleiras de Goiabeiras, no Espírito Santo, deve ser
acompanhado de um plano de gestão para o fortalecimento das artesãs nos
aspectos de comercialização e/ou divulgação de seus produtos. 2) os
reconhecimentos baseados na preservação de edificações e/ou centros urbanos,
devem conjugar planos de gestão do território e das cidades em que estão situados,
conjuntamente com planos diretores, etc. ecessariamente partir da solicitação
ou da anuência dos grupos sociais envolvidos.
Por último, há a oposição no modo de encarar como a
sociedade se apropria das propostas de patrimonialização, o órgão de preservação
pode considerar a realização da fiscalização permanente do bem com a finalidade
de manter uma dada concepção ou pode considerar sua ação como acompanhamento
das mudanças empreendidas sobre o bem com a finalidade de documentar as
transformações.
Os profissionais especialistas do IPHAN não se conformam
completamente a um ou outro modelo apresentado. Na maioria das vezes, suas
posições oscilam entre um pólo ou outro conforme o caso e a conjuntura. A
tipologia de oposições apresentada nos ajuda a situar as discussões do campo do
patrimônio a partir de alguns legados institucionais herdados pelo IPHAN e com
os quais os técnicos da instituição se deparam incessantemente.
Porém, a polarização mais expressiva no interior da
instituição foi justamente, quando no ano de 2000 foi criado o Programa
Nacional de Patrimônio Imaterial, momento em que o IPHAN se divide internamente
entre Departamento de Patrimônio Material e Departamento de Patrimônio
Imaterial, cada qual com Revista CPC, São Paulo, n.12, p. 55-76, maio/out. 2011
64 instrumentos e procedimentos próprios. O Departamento de Patrimônio Material
atuando por meio do instrumento de Tombamento e o Departamento de Patrimônio
Imaterial, por meio do instrumento do Registro. No IPHAN, a composição
contraditória das formas de patrimonialização, em seus vários níveis, levou à
institucionalização de algumas concepções em disputa entre diferentes
perspectivas. Resumidamente, foram elencadas algumas expressões de divergência
dentro do IPHAN para apontar que no interior de certos órgãos do Estado podem
conviver perspectivas diferentes de concepção e ação, seja por meio da divisão
ideológica de seu corpo de funcionários, seja pela própria institucionalização
das diferenças. A partir do caso particular do IPHAN, gostaria de problematizar
aqui a noção de Estado enquanto totalidade. O Estado que surge por meio da
etnografia do caso do IPHAN é formado ao mesmo tempo por diferentes grupos, com
interesses diferentes, mas todos até certo ponto ainda influentes.
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