domingo, 27 de março de 2016



O que vemos hoje nas ações reais de Caetité, frente a sua memoria patrimonial sintetiza bem em prosas e versos difundidas pelas suas ruas, praças e becos.
Ouso constantemente...  “quem gosta de ver prédio velho, deve ir morar em Roma”. (Tombamento é para cidades que contam a história do Brasil)...
A ênfase na modernidade, na renovação urbana constante se faz ver na fala abaixo.
(...) tenho vergonha de passar na frente daquele prédio horrível e decadente,
Para esse depoente, o passado expresso nas edificações é signo da vergonha. A modernidade não pode conviver com tais representações.
O entendimento de uma dada concepção de modernidade se faz presente nas
Interpretações de novos e velhos moradores, mesmo naqueles considerados pioneiros.
Ou guardiões da memória, como se pode abaixo constatar.
(...) Já demoraram em derrubar esse lixo, sou Pioneiro, autêntico, já moro nessa cidade há mais de 60 anos. Aqui esta meu aval para essa transformação, derrubar sim, cuidar e fiscalizar para que não tenham lucros ilícitos, esse é seu e nosso dever, resguardar os direitos dos proprietários e dever de todos nós, mas sem essa de patrimônio histórico. (Caetité tem que olhar para frente.).
A fala acima é extremamente emblemática para se analisar.  Nela está à voz da autoridade do pioneiro, aquele que acredita ter o aval para afirmar que o passado já foi e que a patrimonialização é uma volta ao passado que não cabe em cidades pujantes, como ele acredita ser Caetité.
É sabido que os modos de representação de uma cidade podem influir nas decisões a respeito das ações propostas para a cidade que se deseja e para a conservação da memória coletiva. Ao que tudo indica, tem havido em Caetité uma propaganda da modernização que escamoteia ou minimiza as perdas consequentes desse processo e, em contrapartida, exalta as qualidades positivas do fenômeno. Como consequência disso, o tema da conservação do patrimônio cultural não deixa de ser apropriado por determinados segmentos da cidade que não concordam com a democratização desse assunto para além dos circuitos técnicos dos gabinetes políticos e empresariais.



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